quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Beija-me

Giovani Santos*

                  Naquela noite, Benjamim se encontrava sedento, não sedento de desejos primitivos. Mas sim, desejos, os quais algumas criaturas terrenas nos despertam como se fôssemos animais. Benjamin estava sedento de liberdade. Passava pelas pessoas e as olhava de uma maneira, já muito diferente, via os homens autênticos e inautêntico, sérios e não sérios, esses últimos, donos de uma espécie de moral não normativa, clara e ostentadora.
                  Depois de caminhar mais um pouco, Benjamim entra em um bar, e ainda extasiado, perplexo, pede ao garçom que lhe sirva um drinque. No fundo do bar tocava a canção, spirituals. Depois de uns instantes, o garçom trás sua bebida e no mesmo momento se retira. Benjamim olha em torno de si e percebe que consegue enxergar tudo ao seu redor, não de uma maneira qualquer, mas de uma maneira própria, única. Logo a sua frente se encontravam três mulheres, cada uma com sua comunidade diferente. Olha-as por minutos, e percebe que a beleza delas o atrai. O bar não estava muito movimentado e logo as mulheres o percebem. Benjamim não era um homem deficiente das feições, por isso, ou talvez por outra coisa, chamava a atenção de algumas mulheres. Agora ficam as comunidades e benjamim, fitando-se.
                  Depois de algumas doses, ele se encontra confuso, pois não sabe qual das três mulheres podem lhe agradar. Nesse momento, fica certo que benjamim tem um projeto meramente egoísta, simplesmente por que, quer realizar um simples desejo. Pelo fator estético objetivo, ele sabe que se envolveria com qualquer uma das mulheres. Porém, queria mais, para ele não bastava o esplendor do ser. A dúvida o consumia, fazendo com que ele lembrasse de um primo, que vivia em umas terras do interior.
                  Mario Faustino, filho de um ilustre fazendeiro, se formara em direito naquele ano. Após o óbito do pai, abandona o escritório na cidade e vai viver na fazenda que fora herdada e que se localizava no interior. A fazenda deveria ter uns dois mil hectares de terras cultiváveis, uma usina de açúcar, uma casa senhorial, uns duzentos hectares de terras irrigáveis e mais alguns galpões, que ali se encontravam abandonados. Com a decisão de administrar a fazenda, Mario Faustino foi morar com sua mãe na grande casa senhorial, onde começou seus novos afazeres. Mas eis que já fizera muito tempo que ele estava no interior e alguns sentimentos e necessidades começaram a lhe consternar de fato. A continência involuntária de volúpia, fazia com que ele tivesse reflexos negativos, essa necessidade o corroia.
                  Benjamim lembra que muitas vezes Mario Faustino lhe dizia que se perguntava: será que terei eu, que ir a cidade para resolver isso? Mas, como? E onde? Mario Faustino sabia que precisava disso, pois para ele era uma questão e saúde e necessidade. Não podendo resolver o seu assunto, começou a se desesperar e a acompanhar com os olhos todas as meninas que lhe passavam pelo seu bairro. Também tinha o conhecimento que não poderia ter nenhum envolvimento serio com uma mulher perto de sua fazenda, pois ele dizia que isso lhe traria muito trabalho. Ele só queria uma mulher limpa e que não lhe trouxesse problemas, que lhe desse o que ele carecia e fosse embora. Era como ele expressava: “eu quero uma mulher de marujo, ou ainda, quem sabe, uma mulher de soldado”. Ele também sabia que era natural ter tais necessidades, afinal ele também era de carne e osso, como todas as pessoas.
                  Agora, Benjamim envolto a todos esses pensamentos, se encontrava numa situação gratuita, situação vazia, algo que ele denominava de situação sem sentido. Afinal, não era isso que ele queria, ele estava em um estado de espírito diferente de seu primo, portanto não lhe era necessário tudo isso. Cansado ele se aproxima e se apresenta cortesmente a uma das comunidades de mulheres que, de certa forma, eram vizinhas. Daí começa um dialogo. As mulheres de pronto já o agridem perguntando se ele não iria se decidir. Ele explica que muitas vezes, um homem se encontra em uma encruzilhada e, por isso, não sabe qual seria o melhor caminho a seguir. Afinal a beleza objetiva, muitas mulheres possuem, porém a subjetiva, pouquíssimas.
                  Durante toda a noite, a conversa se estende e benjamim já se encontra cansado. Decide ir embora com a convicção de que é difícil se relacionar com pessoas levianas e superficiais. Triste pela infelicidade da descoberta, emergiu-se, pois  lembrou que apesar dos pesares ele é o homem livre.




* Escritor Filosofante de Olinda



1 comentários:

Unknown disse...

aafff ¬¬
totalmente oposto do que escrevi hoje no meu blog.
ele leu, foi? uahuhau

beijoooo

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