sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

A politização de Batman

Por maria utt
Os tradutores da Panini fãs da Veja
Olha só que bacana, o cara usa da tradução pra vender seu posicionamento político.... e racismo também
Este post é dedicado – e baseado em um debate dele – ao fórum Miolos e aos leitores e participantes dele. Foram eles que trouxeram este assunto à tona e é inevitável que comentemos por aqui mesmo que com um pouquinho de atraso. No mês passado a Panini Comics colocou no mercado a revista Batman 98, contendo duas histórias de Grant Morrison e Cameron Stewart e uma de Tony Daniel. O assunto em questão está justamente na primeira história de Morrison, publicada originalmente em Batman and Robin #7 lá fora.
A posição da revista Veja quanto ao governo Petista no Brasil, que se agora se extende por pelo menos mais quatro anos, nunca foi segredo para ninguém: a revista discaradamente utiliza-se da “liberdade de imprensa” e a torna uma grande “libetinagem de imprensa” fazendo uma propaganda caruda de suas convicções políticas ao invés de simplesmente relatar fatos e deixar que o leitor tire suas próprias conclusões. Sendo assim é natural que, com o passar de todos esses anos, os auto-proclamados “jornalistas” – talvez o diploma deles digam isso, não sei – Diogo Mainardi e Reinaldo Azevedo caíram na graça de uma fatia altamente capitalista e empresarial (em sua maioria formada por paulistanos tucanos) com suas piadas anti-lulismo e, vejam só, uma delas acabou numa tradução de uma revista do Batman.

“Petralha” foi um neologismo criado por Reinaldo Azevedo em seu livro O País dos Petralhas. A origem do termo é óbvia: Petistas + Metralhas, os clássicos ladrões que vivam tentando roubar a fortuna do Tio Patinham. Independente do cunho político gerado por ele, o termo “petralha” acabou sendo peculiarmente utilizado numa tradução da revista Batman nº 98 da Panini, conforme notado pelo usuário Flávio do fórum Miolos.
Em Batman 98, na página 34, o carcereiro que acompanha o morcegão na prisão se refere ao vilão Rei Perolado do Crime como “petralha”. Até onde sei, essa expressão ainda não foi dicionarizada. Trata-se de um neologismo criado por Reinaldo Azevedo, blogueiro da Veja, para designar petistas (petralhas = petistas + Irmãos Metralhas). No original, foi usada a palavra “nasty” (que pode ser traduzida como asqueroso ou desagradável). Achei no mínimo inusitada a opção do tradutor.
Traduzir “nasty” como “petralha” é de fato forçado, não? A tradução ficou a cargo de Caio Lopes/DVL, que já tem uma outra polêmica bastante semelhante com o pistoleiro Tex, conforme levantado pelo usuário Nano Falcão no mesmo fórum. Vejam só:
Acabei de descobrir que não é a primeira vez que o povo da Mythos apronta na tradução. Em TEX Gigante, por exemplo, houve uma baita polêmica por Tex ter chamado um negro de “macaco”, e o coitado do ranger foi esculachado como racista. Qual não foi a surpresa ao ver o original italiano e descobrir que racista é o tradutor (e o editor que deixa uma barbaridade dessa acontecer,novamente DVL, será coicidência?)
 
 Claro, não vamos fazer politicagem aqui e nem trazer a liberdade de expressão a nosso favor, afinal estamos defendendo-a para todos. O próprio Multiverso DC nunca foi um site jornalístico sobre a DC Comics, mas um site de fãs feito para dar pitacos. Todavia a utilização do termo é muito politiqueira: não há motivo real para traduzir “nasty” como “petralha” a não ser para implicitar a opinião política do próprio tradutor, que certamente colocou o personagem fictício – um ladrão, lembre-se – em questão como um petista.

E a Cereja do Bolo, um leitor pediu explicações, e a editora responde assim: [FONTE: http://www.actionsecomics.net/2011/02/batman-le-veja.html#more]

Após ler o post, pedi uma posição oficial da Panini. Esperava que a editora assumisse uma posição política - o que não deixa de ser direito de qualquer empresa nacional - ou lamentasse a tradução. A resposta, admito, me surpreendeu e veio assinada por Marcio Borges, diretor de Marketing e Comercial da editora:
A Panini considera o termo “petralha” como uma gíria que vem se popularizando no Brasil, e independente da origem do termo, não é mais utilizado no linguajar popular apenas com conotação política, mas como sinônimos para asqueroso, nojento, etc. A empresa ressalta que não tem qualquer intenção de utilizar seus produtos editoriais de entretenimento para fins políticos.
Resta saber o que a Panini considera como sinônimo de "macaco".
 Texto extraído do blog do Luis Nassif

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