por Luciano Siqueira
Publicado no Jornal da Besta Fubana e no Blog de Jamildo (JC on line)
Lula chamou de espetáculo da democracia: foram apurados 111 milhões de votos válidos, dos quais 46,91% foram dados a Dilma Rousseff, da coligação Para o Brasil Seguir Mudando, 32,61% a José Serra, do PSDB, 32,61% e 19,33% a Marina Silva, do PV, Os de mais candidatos receberam pouco mais de 1%. Agora vem o segundo turno entre Dilma e Serra.
De certo modo o presidente tem razão em assim caracterizar o pleito do último domingo. Não apenas pela expressão imediata da vontade dos brasileiros, através do voto. Mas especialmente porque desde 1985, quando a ditadura militar encerrou o seu ciclo, derrotada no Colégio Eleitoral que escolheu Tancredo e derrotou Maluf, sucedem-se eleições sem a ameaça de intervenções militares que, por dezoito vezes em nossa história republicana, interromperam o processo democrático. Com limitações, é certo, e ainda palmilhada por distorções decorrentes de uma legislação eleitoral que reclama urgente reforma, a vida democrática vai aos poucos amadurecendo em nosso país.
Agora, na “segunda volta”, como diriam os portugueses, esse processo pode alcançar um patamar superior, a exemplo do que ocorreu no confronto Lula versus Alckmin, há quatro anos, focando-se o debate em propostas programáticas. Naquela ocasião, as fofocas e o denuncismo eleitoreiro deram lugar ao confronto de ideias acerca dos rumos do Brasil, contribuindo, assim, para o esclarecimento do eleitor. Quem não se lembra da polêmica em torno da privatização de estatais estratégicas, que levou o tucano Alckmin, em inferioridade, a ostentar uma jaqueta com buttons da Petrobras, da Chesf, do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal e de outras instituições que, pelo ideário neoliberal, deveriam ser transferidas à iniciativa privada?
Com o gesto, o candidato tucano abria mão de um elemento programático essencial justamente porque perdia o debate. A ponto de The Economist, publicação inglesa que expressa o pensamento do grande capital financeiro internacional, reclamar em editorial que no Brasil já não havia quem defendesse essa tese!
Pois que Dilma e Serra apresentem seus programas com nitidez. E que submetam à apreciação do eleitor a posição que assumem, por exemplo, diante de reformas estruturais essenciais ao pleno desenvolvimento econômico e institucional do Brasil na atualidade: a tributária, a do sistema educacional, a agrária, a urbana, a dos meios de comunicação e a política. Se assim procederem, mais uma vez os campos serão delimitados, o eleitor escolherá com mais consciência e a democracia sairá fortalecida.
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