quarta-feira, 27 de junho de 2012

Mundo Mundeia

Giovani Santos*
Um banco. Uma praça.
O sol iluminando amenamente.
Os transeuntes,
os inautênticos.
A terra que por muito,
e, por muitos é pisada,
cansada, dilacerada, enfadada.
Dada ao tédio dos solos
já gastos por outras terras.
E o que há no mundo
 do mundo da consciência
dos transeuntes?
O que há?
Um complexo?
Um desejo?
Uma vontade de ter vontade?

E esse dispor
das casas que outrora “foram”
 pensadas para serem “dis” e expostas?
Ali por dentro se despojam
entre gozo e raiva
entre o está aí e não está.
As bacias.
A água.

Os intramundanos no mundanismo
do mundo mundano.
A casca.
O ovo.
O sentir e não sentir.
O vazio dentro do nada.
A tez marcada.
O suor.
A pele aí despojada.

A casca tênue descascada.
A vagueza da nostalgia.
A saudade.
A maçaneta marcada.
A morte.

Uma várzea.
Um copo que transporta uma terra.
Uma boca ainda não saciada.
Mas como aqui dentro,
lá fora há vida, há morte.

Um menino.
Um doce olhar.
Um comum dos olhos.
O branco dos olhos.
O inocente olhar.
Um aeroporto.
Faticidade.
Contigencialidade.
A escravidão.
Um olhar cansado.
Uma escolha.
Inconveniência.
Liberdade.
Um Horizonte.
Um amor.
Uma atração.
Um tempo.
Uma oportunidade.
Uma traição.
Ser.
Morte.

Uma flor.
Um desabrochar de flor.
Um insinuar-se.
Um exalar de enfeitiçados
aromas para atrair.
Um se resvalar.
Uma relva.
Um encontro.
Um dar de mãos.
Um tocar de lábios.
Cabelos.
Um voejar.
Um “tu”. Um “eu”.
Sentimento.

Um manuseio.
Um toque qualquer.
Uma forma própria de ser,
do ser.
Aí.
Um refletir.
Um reflexo.
Uma sensibilidade.
Uma poesia.
Uma angústia.
Uma vida.
Uma morte.

_________________________________________________________________
 *Escritor, Filósofo e boêmio de Olinda



0 comentários:

Postar um comentário