quarta-feira, 23 de março de 2011

Comunidades de Candeias revoltadas

Marleide (à esquerda na foto) e amigos durante viagem à Europa.
por Marcelo Diniz
para o Acerto de Contas

Na última sexta-feira, 18 de Março, próximo ao Conjunto Dom Hélder Câmara, em Candeias, Jaboatão dos Guararapes, uma jovem garotade 16 anos, estudante de escola pública (Escola Estadual Zequinha Barreto), voltava da aula quando desapareceu antes de chegar até sua casa. Algum tempo depois, o corpo foi achado, com marcas de três tiros (um na nuca, um no olho e outro de raspão no ombro). Segundo as informações, ainda um pouco desencontradas, ela teria sido espancada, mas a possibilidade de estupro foi desmentida por aqueles que viram o corpo, pois a vítima se encontrava vestida com uma calça e uma blusa.

Dito assim parece um crime tão comum aos nossos sentidos e sentimentos “calejados” pelos noticiários diários…

Talvez ajude se as pessoas souberem que ela era uma jovem dançarina, do grupo Corpos e Tambores, mantido pelo Movimento Pró-Criança, nascida e criada na periferia de Jaboatão dos Guararapes, que já havia dançado na Suécia, que já há algum tempo participava do Movimento Estudantil, integrando o Grêmio de sua escola e a Direção Municipal da União da Juventude Socialista, naquela cidade, que era uma das pessoas de maior potencial de liderança naquele núcleo que montamos no Conjunto Dom Hélder, no ano de 2009.


Não era somente muito jovem, mas também uma garota que aos poucos despertava para o papel que poderia cumprir pra melhorar as condições de vida do coletivo, fazendo a luta cotidiana a seu modo, ali, em seu local de moradia e estudo.

Mesmo quem mal a conhecesse, saberia, através de seu jeito forte, que ali estava uma pessoa acostumada a sofrer as pressões da vida e não baixar com facilidade a cabeça, a não aceitar facilmente as imposições de outros. Gostava de dançar, gostava de se divertir e estar com os amigos…
Se tudo isso ainda não fosse suficiente para transformar o sofrimento em algo insuportável para a família e os amigos, junte-se aí o fato de que o corpo ainda está retido no IML, por conta dos problemas naquele órgão (sucessivas vistorias do Conselho Regional de Medicina provaram a incapacidade de manter o órgão funcionando, por conta da sujeira, falta de manutenção, etc.), prorrogando a dor de todos os que conhecemos essa inteligente, forte e bonita garota, chamada Marleide da Silva Cavalcante.

Estamos revoltados com o ocorrido, mas o que revolta ainda mais é saber que um caso como este, ao cair no esquecimento, nos condena à dor da impunidade. Como não foi a filha de nenhum mandatário, empresário, nem industrial, a notícia rendeu uma repercussão muito pequena na grande mídia e a tendência é que vire estatística entre os crimes sem solução.

Nos revolta o fato de ser mais um crime contra uma mulher, jovem, de periferia, estudante, que tinha sonhos e planos que iam além do individualismo imperante na sociedade.

Não vai virar estatística!

Os amigos e a comunidade a partir de agora, se organizam para impedir que esse crime caia no esquecimento, denunciando na mídia e em todos os espaços possíveis o ocorrido e exigindo um basta nesta violência gratuita e insana que condena a juventude e o povo ao medo.

Contamos com o apoio daquelas pessoas e instituições que se dispuserem a ajudar.

Contato: marcelodinizmjt@live.com ou 8667-0004.

Fonte: Acerto de Contas

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