O dia 31 de outubro pode ser classifcado
como o período anual da briga entre a bruxa e o saci. É nesta data que alguns
países, em especial os Estados Unidos, comemoram o Halloween. E que o Brasil -
em uma atitude de resistência cultural - homenageia o seu folclore, com o Dia
do Saci.
O Dia do Saci consta do projeto de lei federal nº 2.762, de
2003 (apensado ao projeto de lei federal nº 2.479, de 2003), elaborado pelo
então líder da câmara do governo Aldo Rebelo (PCdoB - SP) e outras autoridades
O Saci, por Ziraldo
O Projeto de Lei 2479/2003, que pede a instituição da
data no calendário brasileiro, afirma que “a sua intenção é ensinar às crianças
que o país também tem seus mitos, difundindo a tradição oral, a cultura popular
e infantil, os mitos e as lendas brasileiras”. Ou seja, um antídoto contra a
invasão da cultura estrangeira, em favor da preservação dos valores verde-amarelos.
O Halloween começou a se popularizar por aqui através
dos cursinhos de inglês que vivenciam a cultura americana como modo prático
para que seus alunos assimilem melhor a língua estrangeira. Mas, o que os donos
dos cursos de línguas não esperavam é que o Dia das Bruxas fosse levado para as
escolas e pouco a pouco passasse a fazer parte do calendário de festividades nacionais.
Se a idéia é fazer alusão a seres místicos, feitiços e
travessuras, por que não aproveitar as personagens do folclore brasileiro?
O Halloween foi popularizado pelos Estados
Unidos, mas tem duas origens. Primeiramente a data marcava o início do inverno
para o povo celta, que associava a estação aos mortos e à escuridão, daí as
fantasias de fantasmas, bruxas e monstros. Na religião católica, houve uma
tentativa de frear estas comemorações pagãs, por isso passou-se a celebrar a
véspera do dia de todos os santos (em inglês: "All hallow's eve").
Enfim, essa é uma história que nada tem a ver com o Brasil e sua gente. Já o
dia do Saci- Pererê é uma ode a um personagem típico brasileiro, como forma de
valorizar a cultura nacional. Conhecido por usar um gorro vermelho, pular de
uma perna só e fazer brincadeiras, o Saci é parte de uma lenda que originou-se
entre as tribos indígenas do sul do Brasil.
Inicialmente, o saci era retratado como um curumim endiabrado, com duas pernas,
cor morena, além de conhecedor e defensor da floresta. No século 17, foram
encontrados os primeiros registros sobre o Saci e, ao percorrer o território
nacional, a lenda foi sendo adaptada e modificada por onde passava. Por esse
motivo, o menino passou por algumas modificações ao longo da vida.
Com a influência da mitologia africana, o Saci se transformou em um negrinho
que perdeu a perna lutando capoeira, além disso, herdou o pito, uma espécie de
cachimbo, e ganhou da mitologia européia, um gorrinho vermelho. Já desta forma
ele aparece como um dos principais personagens dos livros de Monteiro Lobato,
na série Sítio do Picapau Amarelo, responsável por uma grande exposição e
reconhecimento do Saci em todo país.
A principal característica do Saci é a travessura. Brincalhão, ele se diverte
com os animais e com as pessoas, e acaba causando transtornos como: fazer o
feijão queimar, esconder objetos, jogar os dedais das costureiras em buracos e
etc.
A lenda que envolve o Saci foi passada entre tribos e gerações, fazendo com que
cada um adicionasse ou adaptasse sua versão da história. Segundo alguns
relatos, o Saci pode desaparecer em um lugar e aparecer em outro. Também se diz
que está nos redemoinhos de vento e pode ser capturado jogando uma peneira
sobre os redemoinhos. Após a captura, deve-se retirar o capuz da criatura para
garantir sua obediência e prendê-lo em uma garrafa.
Personagem de narrativas do interior, o Saci é menos reconhecido nas cidades
grandes. O alcance internacional quase não existe por ser parte de uma cultura
muito típica do paíse pouco divulgada no exterior. Então, no quesito
popularidade, o Saci ainda está perdendo feio para as bruxas, fantasmas e abóboras
do Halloween. Daí a importância de ressaltar o Dia do Saci, uma data feita para
que os próprios brasileiros resgatem sua rica cultura, valorizando mais esse
mocinho tão carismático do folclore.
Da Redação,
Com informações da Abril
Fonte: Portal Vermelho